Review | Guma "Virando Noite"
Virando Noite
Guma



Após laçarem "Cais" (2018), a banda Guma apresenta seu mais recente álbum chamado “Virando Noite”, que se destaca como uma renovação na cena musical independente do Brasil, solidificando o power trio recifense como um símbolo de originalidade e inovação no pop. Sob a produção de Carlos Filizola e com a masterização de Paulo Germano, o disco revela um grupo que descobriu sua identidade distinta, transitando com notável agilidade entre indie pop, dream pop, tropicalismo e inclusive influências de brega.
Ao longo de suas 12 cancões originais, Guma revela uma maturidade musical e uma coesão estética notáveis em "Virando Noite". Os três singles já divulgados — Jugular, Paraíso Astral e Pecadinho — sinalizavam a proposta futurista do álbum, mas a totalidade de “Virando Noite” oferece uma vivência mais rica e elaborada. Cada faixa destaca guitarras e sintetizadores vibrantes, arranjos intricados e uma sensibilidade pop que dialoga com referências tanto nacionais quanto internacionais, como Kali Uchis, Novos Baianos, Radiohead e Kraftwerk.
![]() |
Foto: Divulgação / Duda Portella - "Guma" |
O álbum também se destaca por suas colaborações: Bruna Alimonda e Uana contribuem com suas vozes nas músicas Mozinho e Só Quando Lembro, reforçando a conexão com a cena artística pernambucana e adicionando novas camadas ao som da banda Guma, que harmoniza elementos do pop, e do brega de maneira natural.
Liricamente, “Virando Noite” envolve a vivência urbana e as emoções do cotidiano. . As letras são simples, quase comuns, mas carregadas de sentimento, transformando cada canção em um pequeno universo que ressoa com as vivências cotidianas de qualquer ouvinte atento.
O que realmente impressiona é a consistência estética e sonora: Guma não apenas mistura influências, mas as traduz em uma identidade própria.Trata-se de um pop autoral que ousa, provoca, faz rir e emocionar ao mesmo tempo — e, sobretudo, não hesita em dançar enquanto o mundo ao seu redor se mostra caótico.
“Virando Noite” é, sem dúvida, uma prova de que Guma está estabelecendo um espaço sólido na música brasileira contemporânea: uma obra que celebra a autenticidade, a amizade e a dança como manifestações de resistência e alegria.