Vinaa lança “Quando os Guarás Ecoam as Vozes da Floresta”, um manifesto poético de reconexão com a natureza
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Divulgação / Vianna |
Vinaa, cantor e compositor maranhense, lançou seu quarto álbum de estúdio: Quando os Guarás Ecoam as Vozes da Floresta. Concebido ao longo de dois anos e gravado em seis estúdios entre São Luís, São Paulo e Paris, o disco marca oito anos de carreira do artista com uma experiência sonora que combina poesia, política e ecologia.
Baseado na resiliência ecológica, que é a habilidade da natureza de se recuperar, o álbum é dividido em três partes: a floresta viva, a floresta arruinada e a floresta renascente. Através do uso do antropomorfismo, Vinaa dá voz aos animais, fazendo deles contadores de suas próprias aflições e da destruição do meio ambiente.
Em faixas como Pássaro Tibira e Mil Noites, os bichos ganham voz e humanidade, denunciando o colapso ambiental causado pela desconexão humana com a natureza.
Porém, Quando os Guarás Ecoam as Vozes da Floresta não se limita à denúncia. O disco representa também uma melodia de esperança e recuperação, fundamentado nas lendas populares e nas lembranças ancestrais do criador. As faixas iniciais trazem à tona a imagem da criança machucada, que simboliza as vulnerabilidades emocionais e a determinação de não deixar para trás o universo encantado. Os conhecimentos das avós de Vinaa, envolvendo práticas com ervas e orações, estão presentes em toda a lírica da obra.
O disco conta com participações históricas da cultura popular maranhense, como a mestra Rosa Reis, referência do cacuriá e das caixas do Divino, e dona Iria de Fátima, que grava pela primeira vez. Elas abrem caminho para o voo sonoro do guará imaginário, metáfora central que atravessa o álbum.
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Capa do álbum "Quando os Guarás Ecoam as Vozes da Floresta" de Vinaa |
A criação musical conta com a participação de Memel Nogueira, Adnon Soares, Isaias Alves e Rafael Toloi, que amalgamam ritmos da Amazônia, influências árabes e sons típicos do Nordeste, utilizando instrumentos como pandeirões, curimbós, acordeons e derbaks. Convidados especiais como Luizinho Nascimento, Pedro Cunha, Fabio Luchs, Luiz Claudio Farias, Filipe Façanha, Thalysson Viegas e Leandro Maramaldo ampliam as possibilidades do projeto, trazendo vibrante energia a esse mosaico sonoro.
Interlúdios conectam os atos do disco com a presença do jornalista e DJ Pedro Sobrinho, na pele de Nego Chico, que simboliza a dificuldade de comunicação em regiões isoladas e a persistência da memória oral. A experiência sonora é complementada por telas pintadas à mão por Vinaa para cada single, e pela capa do álbum, criada pelos designers Thiago Guimarães e Caetano, que traduz visualmente a poética do disco.
“Está vendo tudo isso aí? Tudo isso já foi floresta”, diz uma das falas do álbum. A frase sintetiza o espírito do trabalho: uma obra que denuncia a destruição, preserva memórias e celebra a música como gesto político, espiritual e coletivo.
Quando os Guarás Ecoam as Vozes da Floresta é um disco-manifesto e, ao mesmo tempo, um refúgio sonoro, onde a denúncia, a magia, o sagrado, o radiofônico e o visceral coexistem. Uma obra que reafirma a música como ferramenta de reconexão com aquilo que verdadeiramente importa.