Foto: Flora Negri / Divulgação
 

A cantora e instrumentista Ana Cacimba escolheu celebrar seus 10 anos de carreira dando um passo importante: apresentar Luminosa – Ato 1: Lua, o início de um projeto dividido em dois capítulos que exploram diferentes maneiras de enxergar e sentir a luz. Lançado pela Head Media em parceria com a Universal Music, o álbum abre uma nova fase para a artista, que cresceu entre referências quilombolas e vivências periféricas.

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A primeira parte do trabalho gira em torno da Lua — símbolo de mistério, intuição e espiritualidade — e funciona quase como um mergulho interno. Em vez de seguir por um único caminho musical, Ana deixa suas influências se encontrarem livremente: há ecos de samba rock, pop, afrobeat, kuduro e até elementos das congadas do Vale do Jequitinhonha, sempre costurados pelo som do asalato, instrumento que acompanha sua história desde cedo. Para ela, Luminosa nasceu da vontade de falar sobre autoestima e sobre a luz que cada pessoa carrega, mesmo quando o mundo exige mais do que é possível entregar.

O disco abre com “Exu”, apresentada como uma poesia em forma de reza, e segue para “Padê Onã”, ambas com a participação de Alessandra Leão — uma presença que atravessa momentos pessoais importantes da vida de Ana. Entre as faixas, a espiritualidade aparece de várias maneiras: “Pombagira/Dona da Casa/Maria Mariá” celebra o sagrado feminino, enquanto “Oyá” mistura o imaginário dos ventos ao ritmo energético do kuduro. Há também reverências às yabás das águas em “Ponto de Oxum” e “Canto de Iemanjá”.

O repertório é ainda atravessado por tradições e memórias familiares em músicas como “Preto Velho”, “O Sino da Igrejinha” e “Se Meu Pai é Ogum”, reafirmando o vínculo da artista com sua ancestralidade. A produção ficou por conta dos hitmakers Los Brasileros e de Dmax, e o lançamento veio acompanhado de um visualizer para “(Padê Onã)”, dirigido por Gabriel Sorriso, gravado diretamente no estúdio Head Media.

A estética do projeto também carrega peso simbólico: a Lua protagoniza a capa, idealizada por Ana e desenvolvida junto a uma equipe de mulheres — com direção de arte de Flora Negri, maquiagem de Larissa Liss e figurino de Geórgia Feola.

Foto: Flora Negri / Divulgação

O segundo capítulo, Sol, já está previsto e deve ampliar o universo iniciado aqui, trazendo a energia da convivência, do cotidiano e da realização. Se Lua olha para dentro, Sol deve abrir a obra para o mundo, reforçando a proposta de Ana Cacimba de valorizar a afro brasilidade e a afro religiosidade como pilares vivos da identidade musical do país.