Crítica | Pobres Criatura (Poor Things)
Uma leitura rápida, humana e meio desalinhada sobre “Pobres Criaturas”, o filme de Yorgos Lanthimos que brinca com o absurdo, desmonta comportamentos.
“Pobres Criaturas” é aquele tipo de filme que te pega desprevenido. Você senta, achando que vai ver “mais um”, e de repente está ali… meio torcendo o nariz, meio fascinado, tentando entender por que tudo soa tão exagerado e tão real ao mesmo tempo. É Lanthimos sendo Lanthimos — só que mais solto, mais colorido, mais absurdo ainda.
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A jornada da Bella Baxter é quase um tropeço contínuo para frente. Ela anda, observa, fala com um ritmo quebrado, como alguém que acabou de descobrir o mundo (porque, de certa forma, é isso). E é bem por aí que o filme funciona: nada é encaixado demais, nada é redondinho. A narrativa vai abrindo e fechando do jeito que quer, quase como se estivesse improvisando enquanto corre.
A estética… bem, essa parte quase rouba o filme. Tem cenas que parecem pinturas que decidiram se mexer. Cores demais, gestos demais, tudo exagerado, teatral, mas nunca gratuito. Dá pra sentir que cada exagero aponta alguma coisa — nossos próprios absurdos, talvez, ou o jeito meio torto como a gente tenta ser “adequado”.
E aí vem o humor, aquele humor estranho, desconfortável, que te faz rir e repensar por que riu. O filme dança entre crítica social, fábula moderna e teatro absurdo, sem pedir desculpa. E Bella, no centro de tudo, vira essa força bruta de descoberta, liberdade e… caos, principalmente caos.
No fim, “Pobres Criaturas” não é exatamente um filme para “gostar”. É mais um filme para sentir passando, batendo, arranhando um pouco. E quando termina, você percebe que alguma peça virou ali dentro — nada monumental, só o suficiente pra mexer no olhar. Isso já basta.
