Digo Amazonas e a Multidão lançam o álbum-manifesto “Qual Brasil?”
Com um som que mistura rock, maracatu e crítica social, Digo Amazonas e a Multidão questionam o país em “Qual Brasil?”.
“Estudar percussão brasileira é estudar a história do Brasil. Conforme fui vivenciando e entendendo as coisas, as músicas foram se revelando e se transformando. ‘Qual Brasil?’ é fruto desse mergulho”, conta o artista.
Inspirado em clássicos como “Que País É Esse?” (Renato Russo) e “Brasil” (Cazuza), Digo Amazonas propõe, décadas depois, uma nova reflexão sobre o que significa amar e compreender o Brasil — especialmente em tempos em que o patriotismo se confunde com ideologia.
Cada faixa é um capítulo de uma narrativa que costura temas como ancestralidade, natureza, redes sociais, tecnologia e resistência cultural. A faixa-título abre o álbum exaltando a diversidade do país, enquanto “Matagal” e “Manifestação Animal” mergulham nas raízes africanas e indígenas, unindo maracatu, côco e rock em um som visceral.
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Em “Adubo Humano”, Digo cita Machado de Assis e convida Íris Apokalypsis para refletir sobre o ser humano no capitalismo e o impacto da inteligência artificial. O interlúdio “+55” resume, em 60 segundos, a evolução das comunicações no Brasil — do telégrafo à internet — e prepara o terreno para “@influencers” e “Algo Rítmico”, faixas que ironizam o culto às redes e transformam o ódio aos algoritmos em um rock polirritmado e provocador.
Em “T.I. (Terra Indígena)”, Digo ressignifica o termo “tecnologia da informação” e o transforma em “terra indígena”, destacando a sabedoria ancestral com a participação de jovens Guaranis do Pico do Jaraguá e cenas do Acampamento Terra Livre. O álbum encerra com “#ChicoMendesVive”, homenagem poderosa ao ambientalista acreano, feita em parceria com sua família e o Comitê Chico Mendes.
Com produção de Digo Amazonas, Rodrigo Ramos e Ivanbatucada, o álbum foi gravado e mixado na Mandril Audio e masterizado no El Rocha, em São Paulo. A capa, assinada por Denis Diosanto, é uma releitura da arte criada por Tarsila do Amaral para o Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), conectando passado e presente em uma mesma provocação estética e política.
“Hoje, como há um século, seguimos tentando responder à mesma pergunta: que Brasil é esse? ‘Qual Brasil?’ defende a cultura, o povo e as florestas do nosso país. Eles dizem que amam o Brasil — mas qual Brasil?”, provoca Digo.
Com apenas 21 minutos de duração, “Qual Brasil?” é curto, direto e potente — um álbum que pulsa com o ritmo da resistência e transforma indignação em arte. É um trabalho que reafirma o poder da música como ferramenta de crítica e esperança, e coloca Digo Amazonas e a Multidão entre as vozes mais autênticas do novo rock brasileiro.

