Foto: Tereza E Aryanne /Divulgação
 

A paraense Layse lançou nesta semana o EP “Música Mundana”, um trabalho curto, direto, e que chega como quem vira a chave da pista — puxando o Norte pra frente, sem pedir espaço. O projeto mistura tecnobrega, batida eletrônica amazônica, raggamuffin e latinidades, num fluxo que ela mesma define como “música do mundo vista por uma mulher da Amazônia”. E, de fato, tem esse gosto de chão vivo, de som que nasce de território.

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Disponível em todas as plataformas digitais, o EP funciona quase como uma vitrine do que ela vem construindo nos últimos anos. Layse assina a direção musical e, num gesto muito próprio, grava boa parte dos instrumentos sozinha: percussões, synths, teclas, baixo, violão. É um mapa feito à mão, que começa em Belém e se espalha sem medo de errar o caminho. “É batida, é corpo, é o impulso de fazer agora”, comenta a artista.

Foto: Tereza E Aryanne /Divulgação

A abertura com “Brega da Brincadeira” já coloca o clima no ar. A faixa parece acender a lâmpada de uma aparelhagem — com aquela energia de segunda-feira paraense, a famosa “folga do garçom”, quando a cidade respira, mas não descansa. Logo depois, “Voando com o J Som” traz o encontro com Valéria Paiva, voz histórica do tecnobrega e do Fruto Sensual, num diálogo que cruza gerações sem cerimônia.

Em “Som de Muleca Doida”, parceria com Bruna BG, o EP ganha outra curva: ragga, rap, latinidades costuradas num clima de celebração, pista aberta, refrão que gruda. Já “Extrago”, com Lambada da Serpente e Manoel Cordeiro — lenda da lambada e do brega —, desacelera a vibe e puxa o romantismo de um jeito mais cru, mais noturno, quase poético. É uma pausa, mas não um respiro leve; é daqueles silêncios que carregam coisa demais.

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O fechamento vem com o remix de “Voando com o J Som”, assinado por DJ Moisés Coelho, trazendo de volta o espírito das aparelhagens e aquele sabor do brega pop dos anos 2010, revirado com frescor. A mixagem e a masterização ficam a cargo de Armando de Mendonça, colaborador frequente de Layse.

Natural de Belém, baterista desde cedo, filha da musicalidade do Marajó, Layse transforma cotidiano caboco em invenção. No palco, no estúdio, na forma de pensar ritmo — tudo vira ponte entre identidade e experimentação. E “Música Mundana” reforça justamente isso: uma artista que faz da Amazônia uma usina de sons possíveis.

“É Belém falando alto”, resume Layse. E, pelo jeito, ela não pretende baixar o volume tão cedo.

FAIXA A FAIXA — ASSINADO POR LAYSE

Descrição das faixas e créditos — um por um.