Trabalhos Espaciais Manuais apresenta Ponto de Curva, seu primeiro álbum de estúdio
O grupo instrumental Trabalhos Espaciais Manuais estreia com Ponto de Curva, álbum que une experimentação, força coletiva.
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| Foto: TEM por Ricardo Ara / Divulgação |
O Trabalhos Espaciais Manuais chegou ao seu primeiro álbum. Ponto de Curva não parece exatamente um começo — soa mais como o registro de um grupo que já carregava muita história, mas que só agora encontrou a forma certa de juntar tudo. O disco nasceu sem pressa, quase como quem junta peças de um quebra-cabeça ao longo dos anos, até que a imagem faz sentido.
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A banda manteve aquilo que sempre foi sua espinha dorsal — os saxofones conversando entre si, a percussão que cria movimento, as ideias que surgem do improviso —, mas abriu espaço para outras camadas. Entram sintetizadores, timbres mais eletrônicos, levadas rápidas que lembram drum and bass, além de grooves que puxam o álbum para um clima meio futurista, meio terrestre. Nada disso rouba o brilho da energia típica dos shows; na verdade, acaba funcionando como uma extensão natural daquilo que o grupo já fazia.
A produção ficou nas mãos de Duda Raupp, que tem sido um nome cada vez mais presente na música brasileira. Ele entrou no processo com uma escuta muito livre, ajudando a organizar referências e dar mais nitidez ao que a banda já carregava. Sua contribuição aparece nos detalhes — nos espaços que se abrem, nas escolhas de timbres, no modo como cada faixa parece se encaixar dentro de uma narrativa maior.
Três participações ajudam a expandir ainda mais esse universo. Em “Prazerá”, Di Melo traz sua força histórica, enquanto Lívia Nery chega com um olhar completamente diferente, mais contemporâneo, criando um contraste interessante. Já no encerramento, “Miragem de Iara pt. 2”, Saskia aparece como uma voz que liga o grupo à cena atual do sul do país, território que acompanha a TEM desde o começo.
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O disco transita por vários ritmos — soul, groove, hip-hop, baião, jongo, afrobeat — sem nunca soar como um catálogo. As influências estão lá, mas sempre atravessadas pela personalidade da banda. A faixa-título, “Ponto de Curva”, funciona quase como uma explicação do próprio nome do álbum: um ponto de mudança, de virada, onde o que veio antes se junta ao que está por vir.
Ponto de Curva marca uma fase em que o Trabalhos Espaciais Manuais parece confortável para experimentar sem perder a mão. É uma estreia que revela maturidade, mas também a vontade de continuar arriscando — o tipo de combinação que costuma render discos importantes.
