“Caju”, de Liniker — o disco que brotou de alma, alma quente e sem medo
“Caju”, segundo álbum solo de Liniker, mistura ritmos, emoção e ambição — um mergulho sonoro entre pop, soul, pagode e jazz.

Créditos: Rony Hernandes / Divulgação
Quando sai um disco como “Caju”, da Liniker, a gente sente o peso de cada acorde — e ao mesmo tempo, a leveza de um grito contido. Lançado em 19 de agosto de 2024, o álbum bate com força exata: são 14 faixas, participações de peso, coração aberto e aquela urgência de quem precisa se contar, se expor.
Logo de cara, a faixa-título “Caju” já avisa: não é um disco previsível. Tem alma, tem doçura, mas também casca grossa — como a fruta, como a vida. A Liniker usa o caju como metáfora de identidade, de vulnerabilidade, de desejo — e entrega tudo com voz, corpo, sentimento.
E não para aí: “Ao Teu Lado”, com piano sutil do Amaro Freitas e vozes da dupla Anavitória, traz uma calma quase íntima — um contraponto ao universo exuberante de outras faixas.
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Mas “Caju” também treme. Em momentos de pagode reinventado, groove eletrônico e soul atmosférico, a Liniker flerta com o inesperado — às vezes o resultado é perfeito, às vezes dá aquela sacudida estranha, um risco calculado que nem sempre acerta. Quem se arrisca, sabe.
No fundo, o que existe em “Caju” é coragem — coragem de ser honesta, coraj e de expandir. Liniker parece dizer: “não sou linda, certinha, arrumadinha — sou intensa, plural, humana”. Esse despojamento, essa ousadia, faz do álbum algo urgente, importante.
Ouvindo de ponta a ponta, a sensação é de entrar num território sensível e turbulento ao mesmo tempo — como quem balança e se equilibra, sem esconder as cicatrizes, sem domar as dores. “Caju” é fruta viva.
Se você ainda não escutou — ou deixa de ouvir aquela faixa consciente, com tempo, com cuidado — talvez esteja perdendo uma das experiências mais ricas da música brasileira recente.