Murilo Muraah abre um novo ciclo com “Despertar”, uma faixa que olha para dentro, respira o presente e convida ao coletivo
Em “Despertar”, Murilo Muraah une poesia, espiritualidade e ritmos latino-amazônicos para inaugurar uma nova fase artística marcada por profundidade.
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| Foto: André Hoff - Produção: Fruuto / Divulgação |
O cantor, compositor e produtor Murilo Muraah chega com “Despertar” — e chega meio no susto mesmo, daquele jeito que muda o ar do ambiente. A faixa, lançada nesta quarta-feira (26), abre caminho para uma nova fase do artista pela Marã Música, e já de cara mostra que ele está navegando mais fundo: uma sonoridade plural, muita textura, poesia que não se apressa. Tudo meio misturado, meio vivo, como se estivesse se formando ainda.
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“Despertar” carrega essa energia híbrida — ritmos latino-americanos, ecos de afrobeat, uma verve da música paraense que aparece como um sopro quente de guitarra. Entre instrumentos elétricos, acústicos e uns eletrônicos que chegam devagar, a faixa tenta equilibrar o ancestral e o agora. E consegue. Tem algo de orgânico pulsando ali, uma vibração que quase pede espaço no peito.
Muraah fala sobre um despertar espiritual que não é só ele… nem só você. É coletivo, diz ele. Nada daquela ideia de jornada individual vendida em embalagem brilhante; mais uma consciência compartilhada, um amanhecer que puxa todo mundo junto. Como se o nascer do sol fosse menos cenário e mais chamado. E ele insiste: o despertar não é chegada, é continuidade. É presença. Um passo que se dá, depois outro, e outro.
A música abre a trilogia produzida por Pedro Bienemann, marcando esse novo ciclo criativo. E tem também os vocais livres de Bjanka, soltos, experimentais, quase improvisados, lembrando Itamar Assumpção e as Orquídeas — trazendo aquele ar de “a música respirou por conta própria”.
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A cada audição, parece que outra camada aparece. Um detalhe escondido, um ruído bom, uma linha de pensamento que se liga com as leituras do artista — Nietzsche, Spinoza, budismo, até a busca da física teórica por unir o universo inteiro num só fio. Ele vê a Unicidade ali, vibrando nas entrelinhas. Nada distante demais; tudo muito humano.
Tem clipe chegando também, dirigido por Rodolfo Lacerda e previsto para dezembro de 2025. Dividido entre três momentos — Animal, Homem e Transições —, o vídeo cria quase um ritual visual. Um fauno coberto de galhos, um corpo sufocado por objetos de consumo, uma corda puxando pro alto. A referência a “2001: Uma Odisseia no Espaço” aparece forte, dando outra camada simbólica ao despertar.
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O caminho de Muraah é longo: infância musical, bandas de punk e pop rock, projetos sociais, docência, estúdios, as Fábricas de Cultura… e agora um retorno ao próprio projeto com a maturidade de quem já viu tudo isso de dentro. Misturando Mutantes, Jorge Ben, Tim Maia, Chico Science, Red Hot Chili Peppers e Beatles, ele constrói uma identidade que não tenta se fixar — ela se move, muda, se encaixa e desencaixa.
“Despertar” chega como seu trabalho mais forte até aqui, segundo o próprio. E faz sentido. A faixa é introspectiva e expansiva ao mesmo tempo, como se abrisse uma janela grande dentro da gente. Um chamado leve, mas firme, à consciência, à liberdade e a essa unidade que, mesmo parecendo abstrata, se revela tão prática no dia a dia.
